domingo, 30 de outubro de 2011

Parte - I - Teatro Duse





História dos Teatros de Bolso no Rio de Janeiro.


A memória dos Teatros de Bolso remete ao fim dos anos de 1930, quando o teatro brasileiro, influenciado pelo  movimento modernista, o qual nessa época repercutia fortemente sobre toda a elite cultural brasileira. 


Paschoal Carlos Magno
Por iniciativa do Diplomata e Dramaturgo  Paschoal Carlos Magno, foi criado em 1938, o TEB -  Teatro do Estudante do Brasil, o qual  dá início ao movimento em favor da formação de profissionais de  teatro comprometidos com as artes cênicas. 


TEB -  Teatro do Estudante do Brasil

Quatro anos após, Paschoal inaugura o primeiro teatro de bolso, dotado com 100 poltronas,  anexo à sua residência, situada no bairro de Santa Teresa, Rio de Janeiro, a qual deu o nome de  Teatro Duse.
 Eleonora Duse
Homenagem a memória de Eleonora Duse,  a mais importante atriz do teatro italiano, nascida em Vigevano, no ano de 1858 e falecida em  Pittsburgh, 1924.
Aos alunos ministravam-se aulas referentes ao  estudo da prosódia, da história do teatro, da caracterização, da mímica e do texto.
Simultaneamente os alunos  revezavam-se na prática dos demais encargos,  como as  de bilheteiro, porteiro, indicadores,  intérpretes, cenógrafos, figurinistas, maquinistas, eletricistas, sonoplastas,  contra-regras,  divulgadores,  costureiros,  aderecistas,  secretários,  diretores e etc.
O TEB -  Teatro do Estudante do Brasil, contava com a participação de destacados professores, como  Bibi Ferreira, Nina Ranewsky, Adacto Filho, José Jansen e Esther Leão,  todos responsáveis pela formação de toda uma geração de novos atores, entre os quais:
Othon Bastos, B. de Paiva, Fernando Pamplona, Fausto Wolff,  Oswaldo Loureiro, Maria Pompeu, Consuelo Leandro, Pernambuco de Oliveira, Glauce Rocha, Miriam Pérsia, Joel Barcelos, Teresa Rachel, Agildo Ribeiro, Rui Cavalcanti, Jorge Loredo e Sebastião Vasconcelos, entre outros.
Esther Leão
Dona Esther Leão, como todos a chamavam, era uma atriz  portuguesa que emigrou para o Brasil e se notabilizou como a mais importante professora de impostação da voz. Ela nasceu em Lisboa no ano de 1892 e faleceu no Rio de Janeiro em 1971.


TEATRO - EXERCÍCIOS DE CORPO E VOZ
Prof. Esther Leão

1. Espreguiçar, acordar abrir os olhos, nariz, caretas, mastigar
2. Soltar a respiração, suspiros (sem forçar)
3. Alongamento de o pescoço respirar deixando a boca solta
4. Braços alongando para os lados exercício já é benéfico para a voz
5. Giro de pés mastigarem
6. Deitado de costas ou de pé inspirar e expirar- inicialmente só ar
7. Ir adicionando a voz gradativamente
8. Báscula da coluna – quadril
9. Quadril + cintura
10. Quadril + cintura + costelas
11. Boca quiusa em glissando grave – agudo – grave com pouca extensão
12. Idem com extensão um pouco maior
13. Pernas dobradas (borboleta) + movimento de tronco
14. Sorriso interno para ajudar no relaxamento das tensões do pescoço
15. Sentado nos calcanhares respiração nas costas controlando tempo de inspiração e expiração.

As aulas são trabalhadas em pequenas cenas coreografadas, onde o canto é acrescentado.
Isso dá  não só uma familiaridade com as duas formas de expressão cênica como,  também trabalhando a respiração para que não se perca o fôlego ao cantar ou falar.



Em 1951  Esther Leão foi contratada pela companhia de Jaime Costa e dirigiu a peça  “A Morte do Caixeiro Viajante”, obra do romancista e teatrólogo norte americano, Arthur Miller.
Paschoal Carlos Magno, beneficiou o teatro brasileiro através de sua importante iniciativa no TAB  e no Teatro Duse, onde se iniciou o processo pioneiro de renovação, quando então, o profissionalismo e a técnica  substituíram a improvisação e o talento nato.
Em seguida, outras iniciativas foram tomadas, como a FBT- Fundação Brasileira de Teatro, fundada pela atriz Dulcina de Moraes e seu marido Odilon Azevedo. 


Fausto Wolff e Sarah Casi

Manekolopp - Fernando Pamplona - Arq. Vera Gervázio - 2008





 Odilon Azevedo (1904-1966) - Dulcina de Moraes (1908-1996)


Em 1955, Dulcina inaugurou a Fundação Brasileira de Teatro, onde contribuiu com a formação de centenas de atores.
Dulcina de Moraes nasceu em Valença, no ano 1908, era neta da atriz Dulcina de Los Rios Vallina e filha de dois grandes atores da época, Átila e a atriz Maria de la Conceptión Alvarez Bernard, conhecida como Conchita de Moraes,  também uma das fundadoras da Fundação Brasileira de Teatro, em 1955.

Durante 17 anos a FBT funcionou no prédio do atual Teatro Dulcina, no centro do Rio de Janeiro.
Em 1972 transfere-se para Brasília, quando iniciou seu novo projeto, entre 1980/1981, culminado com a inauguração do Teatro Dulcina e a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.
Dulcina de Moraes foi uma das maiores atrizes do teatro brasileiro, faleceu em  Brasília no ano de 1996.
Bibi Ferreira e Conchita de Morais
Conchita de Morais, nasceu em Santiago de Cuba no ano de 1885 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1962.


Aldeia de Arcozelo, antiga propriedade de Paschoal Carlos Magno.
Atual Espaço Cultural, abandonado pelo poder público.



Eis a demonstração do descaso pela cultura em nosso país.



Um comentário:

R. S. Kahlmeyer-Mertens disse...

Amigo Maneko!

O Blog está muito bem feito. ilustrações/fotos raras e matéria de conteúdo invejável.

Trata-se de um excelente espaço para quem aprecia o teatro brasileiro.

Um abraço de seu mais novo seguidor,
Roberto Kahlmeyer-Mertens