terça-feira, 15 de novembro de 2011

Parte - VII - Teatro Experimental do Negro




Léa Lucas Garcia de Aguiar

Léa Garcia nasceu no Rio de Janeiro em 1933 e aos 16 anos ingressou no Teatro Experimental do Negro, quando conheceu Abdias do Nascimento, com quem se casou e tiveram dois filhos.
Estreou como atriz em 1952, no musical "Rapsódia Negra",  roteiro escrito e dirigido por Abdias Nascimento. As apresentações desse  musical ocorreram no palco da luxuosa Boate Acapulco de Copacabana, onde eu atuava como iluminador contratado,  desde as apresentações  dos "Cafés Concertos" dirigidas por Renata Fronzi e Cezar Ladeira.
A partir de então, Léa Garcia se apresentou com desenvoltura e talento em diferentes palcos brasileiros e no exterior.
Brilhou também diante das câmaras da TV, no Cinema estreou  em 1959 com "Orfeu da Conceição", o qual foi contemplado com o prêmio do "Oscar" como melhor filme estrangeiro.
Em 1960 Léa Garcia obteve a segunda colocação no Festival de Cinema de Cannes.
Em 2004, por sua atuação em "Filhas do Vento",  Léa Garcia foi premiada com o "Kikito" como melhor atriz, dirigido por Joel Zito Araújo.







Manoel Claudiano Filho
Merece destaque o talentoso e polivalente artista, Claudiano Zani, que frequentou a Escola de Arte Dramática do Rio de Janeiro e atuou no elenco do Teatro Experimental do Negro,  no musical “Rapsódia Negra”.  Era o ano de 1952 quando na boate Acapulco, em Copacabana, o musical se apresentou  num espetáculo de grande gala, cujo sucesso enriqueceu as noitadas de Copacabana.
Claudiano Zani cantava,  interpretava danças folclóricas brasileiras e também sapateava.
Sua personalidade sempre me chamou atenção, demonstrava sensibilidade e cultura à flor da pele, conversávamos frequentemente e trocávamos ideias. Ele era um entusiasta pelas lutas contra o racismo; simultaneamente manifestava profundo interesse pela doutrina espírita e não escondia sua natureza mediúnica. Eu também não escondia meu interesse pelas ideias marxistas, cujas obras eu trazia  sempre  comigo algum exemplar.
Em 1950 nos reencontramos no Teatro Rival, numa apresentação na peça “Dona Xepa”, um dos maiores sucessos do teatro no Rio de Janeiro, dirigida por Mario Brasini, de autoria do Pedro Bloch e protagonizada pela maior atriz comediante dessa época, Alda Garrido.
Claudiano não se conformava com o preconceito da época. Abdias, Ruth de Souza, Claudiano e Marina Gonçalves, tinham sido im­pedidos de participar do Baile dos Artistas, no Hotel Glória, por serem negros; em São Paulo, a dançarina e atriz norte-americana,  Kathe­rine Dunham, fora barrada no Hotel Esplanada.
Diante de tais fatos, decidiu que não continuaria a viver no Brasil e foi incentivado por sua companheira Júlia, que era de nacionalidade belga. Esta o apresentou a primeira dama do país,  Sarah Kubitschek e, conseguiu para ele uma bolsa de estudos na Europa para estudar mímica com Marcel Marceau em Paris.
Embarcou  de navio em 1956  rumo a Paris, logo se integrou ao grupo de artistas que se apresentava a bordo.
Por conta dessa bolsa de estudos, durante seis anos se mantinha com os ganhos obtidos com suas apresentações entre idas e vindas à Alemanha, Bélgica, Holanda e Inglaterra, quando fazia parte da “Companhia Brasiliana".
Manuel  Claudiano Filho, na Itália trocou o sobrenome de Filho para Zani, uma forma de reconhecimento  ao casal que o apoiou em Milão,  Anna Lamonica  Zani  e  Alfredo Lamonica.


Entrevista  com Manuel Claudiano Zani

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante o seu blog. Voltarei para ler mais.
Saudações,

Nathan de Castrp